EDFOR, a "flecha prateada" portuguesa
A indústria automóvel portuguesa falhou a sua implementação no final do século IXX e início do século XX mas houve sempre entusiastas para colocarem na estrada veículos fabricados em Portugal, mesmo que para o conseguirem utilizassem bases de veículos estrangeiros. Eduardo Ferreirinha foi um desses "teimosos" em atingir esse objectivo. Industrial no Porto, especializado em mecânicas da Ford, especialmente os dotados de motores V8, que desenhava e transformava em "fórmulas" de linhas muito avançadas para a época.
Em 1937, Eduardo Ferreirinha deitou mãos à obra, "descascou" um Ford V8, desenhou um carro inteiramente produto da sua imaginação, e conseguiu colocar na estrada um belo carro desportivo de dois lugares que despertava a atenção de toda a gente, inclusivamente dos estrangeiros que viviam ou visitavam o Porto.
A carroceria de alumínio era extremamente leve, apenas 150 kgs, o que lhe permitia atingir os 160 km/h. O chassis também era inovador, de alumínio fundido de linhas bastante aerodinâmicas.
O "coração" do EDFOR não poderia ser mais poderoso. Tratava-se de um V8 da Ford, com 3622c.c. de cilindrada, o que lhe garantia uma potência de cerca de 100 cavalos. Eduardo Ferreira não se limitou a montar peças existentes no mercado. Partiu sem reservas para a inovação. A suspensão de geometria variável foi construída de base na sua oficina e os amortecedores Telecontrol apresentavam a novidade e o avanço técnico de poderem ser regulados a partir do habitáculo.
O carro artesanal na sua concepção tinha marcado o preço de 55 contos, uma fortuna para a época, mas um investimento rendível por se tratar de um veículo bastante raro. Foram construídos apenas três exemplares nesse ano.
As publicações estrangeiras interessaram-se pelo carro português de linhas tão atraentes e mecânica avançada e fizeram-lhe referências bastante favoráveis. O seu destino, porém, eram as corridas. Em 1937, no mítico e curvilíneo Circuito de Vila Real, o Edfor comandou a prova durante oito voltas mas terminou num honroso quarto lugar. A vida desportiva deste carro prolongou-se por 10 anos quando ficou semi-destruído num acidente no Rali Internacional de Lisboa, em 1947.
O piloto mais famoso que conduziu um Edfor foi o realizador de cinema Manoel de Oliveira, que, anos mais tarde, fez um documentário com o sugestivo título "Fabricam-se automóveis em Portugal", em que a estrela principal era obviamente o Edfor. Manoel de Oliveira era um aficionado da velocidade antes de conduzir as câmaras de filmar com o génio que se lhe reconhece. Ao volante de um Edfor alcançou um terceiro lugar no Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro (Brasil), batendo alguns dos melhores ases europeus, guiando Alfa Romeo de fábrica.
O êxito absoluto aconteceu no I Circuito Internacional do Estoril e não fora o ACP anular a última prova ter-se-ia sagrado campeão nacional de rampa. E aí terminou a carreira automobilística de Manoel de Oliveira, "o mestre na arte de bem conduzir à chuva" e do Edfor. Ainda hoje o cineasta se arrepende de ter deixado ir o seu estimado Edfor para a sucata.
O cineasta Manoel de Oliveira e o EDFOR à partida no Circuito da Gávea, no Brasil
A indústria automóvel portuguesa falhou a sua implementação no final do século IXX e início do século XX mas houve sempre entusiastas para colocarem na estrada veículos fabricados em Portugal, mesmo que para o conseguirem utilizassem bases de veículos estrangeiros. Eduardo Ferreirinha foi um desses "teimosos" em atingir esse objectivo. Industrial no Porto, especializado em mecânicas da Ford, especialmente os dotados de motores V8, que desenhava e transformava em "fórmulas" de linhas muito avançadas para a época.
Em 1937, Eduardo Ferreirinha deitou mãos à obra, "descascou" um Ford V8, desenhou um carro inteiramente produto da sua imaginação, e conseguiu colocar na estrada um belo carro desportivo de dois lugares que despertava a atenção de toda a gente, inclusivamente dos estrangeiros que viviam ou visitavam o Porto.
A carroceria de alumínio era extremamente leve, apenas 150 kgs, o que lhe permitia atingir os 160 km/h. O chassis também era inovador, de alumínio fundido de linhas bastante aerodinâmicas.
O "coração" do EDFOR não poderia ser mais poderoso. Tratava-se de um V8 da Ford, com 3622c.c. de cilindrada, o que lhe garantia uma potência de cerca de 100 cavalos. Eduardo Ferreira não se limitou a montar peças existentes no mercado. Partiu sem reservas para a inovação. A suspensão de geometria variável foi construída de base na sua oficina e os amortecedores Telecontrol apresentavam a novidade e o avanço técnico de poderem ser regulados a partir do habitáculo.
O carro artesanal na sua concepção tinha marcado o preço de 55 contos, uma fortuna para a época, mas um investimento rendível por se tratar de um veículo bastante raro. Foram construídos apenas três exemplares nesse ano.
As publicações estrangeiras interessaram-se pelo carro português de linhas tão atraentes e mecânica avançada e fizeram-lhe referências bastante favoráveis. O seu destino, porém, eram as corridas. Em 1937, no mítico e curvilíneo Circuito de Vila Real, o Edfor comandou a prova durante oito voltas mas terminou num honroso quarto lugar. A vida desportiva deste carro prolongou-se por 10 anos quando ficou semi-destruído num acidente no Rali Internacional de Lisboa, em 1947.
O piloto mais famoso que conduziu um Edfor foi o realizador de cinema Manoel de Oliveira, que, anos mais tarde, fez um documentário com o sugestivo título "Fabricam-se automóveis em Portugal", em que a estrela principal era obviamente o Edfor. Manoel de Oliveira era um aficionado da velocidade antes de conduzir as câmaras de filmar com o génio que se lhe reconhece. Ao volante de um Edfor alcançou um terceiro lugar no Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro (Brasil), batendo alguns dos melhores ases europeus, guiando Alfa Romeo de fábrica.
O êxito absoluto aconteceu no I Circuito Internacional do Estoril e não fora o ACP anular a última prova ter-se-ia sagrado campeão nacional de rampa. E aí terminou a carreira automobilística de Manoel de Oliveira, "o mestre na arte de bem conduzir à chuva" e do Edfor. Ainda hoje o cineasta se arrepende de ter deixado ir o seu estimado Edfor para a sucata.
O cineasta Manoel de Oliveira e o EDFOR à partida no Circuito da Gávea, no Brasil
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