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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

OS 50 ANOS do RENAULT 4L



No final dos anos 50, os carros populares que faziam sucesso em França. Eram os casos do  Citroën 2CV, projectado em 1936 e lançado em 1948, e o Renault 4CV, cujo lançamento datava de Agosto de 1947. Para a necessária substituição do velhinho Renault (Joaninha em Portugal),o presidente Pierre Dreyfus reuniu a sua melhor equipe de técnicos e engenheiros. Dreyfus exigiu-lhes um automóvel simples, moderno, barato e funcional, capaz de agradar  a tudo e todos, eficaz em estradas e no campo.
Foi também definido que o novo Renault teria por volta de 600 cm3 e 20cv e que herdaria boa parte da mecânica do 4CV, mas a tracção seria obrigatoriamente dianteira, o primeiro a ser construído Renault com esta configuração. Em 3 de Agosto de 1961 era apresentado o Renault 4L, mas ficaria para sempre apelidado como R4. O seu primeiro motor tinha quatro cilindros, caixa de três velocidades em linha e 603 cm3. A potência de 20 cv ás 4.700 rpm permitia uma velocidade máxima de 95 km/h e um consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente e a suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. E tinha uma grande vantagem: o primeiro sistema de refrigeração selado do mundo, que evitava a perda e consequente reposição do liquido de refrigeração. Uma peculiaridade do novo Renault 4L era a distância entre eixos maior no lado direito, 2,45 contra 2,40 metros, uma imposição do tipo de suspensão traseira.

Por dentro a 4L era extremamente simples. Acomodava bem quatro passageiros em bancos muito simples, que só tinham forro, sendo a estrutura  visível por trás e de lado. O espaço para bagagem também era razoável, podendo chegar aos 950 litros sem assentos traseiros. À frente do volante de três raios ficavam apenas o velocímetro e o marcador de combustível.    O retrovisor estava fixado no centro do painel do habitáculo.
Em 1962 era lançada a versão Super com uma motorização de 747 cm3 de 27 cvs. Esta 4L era equipada com uma nova caixa de quatro velocidades e a velocidade máxima subia agora para os 100 km/h. Outra novidade era a versão Fourgonette (furgão em francês) com a capacidade de carga aumentada. A parte traseira era mais alta e mais larga.  O cliente podia optar por porta traseira de abertura lateral ou vertical bipartida.
Em 1964 foram  atingidas as primeiras 500.000 unidades matriculadas. A versão de passageiros da versão Fourgonette apenas saiu em 1965. Neste ano chegava também a versão Parisiénne, criada em parceria com a revista feminina Elle. Esta versão tinha a particularidade de ter, nas laterais, uma pintura quadriculada escocesa, vermelha e preta ou com tons bege e preto. Nesta versão, os bancos dianteiros eram individuais. Era um carro bastante bonito, chamava a atenção e tinha um certo charme, principalmente entre o público feminino. O motor mais potente atingia os  845 cm3 e uma potência de 34 cvs. A velocidade máxima era agora de 115 km/h. Um ano depois, o R4  incorporou uma grelha maior, com aspecto mais moderno, que ocupava toda a largura da frente. O painel foi redesenhado e todos os bancos foram  forrados integralmente. No inicio de 1966 atingiu-se o primeiro milhão de unidades matriculadas.
Em Setembro de 1970 foi apresentado o modelo Rodeo, de desenho muito simples e com mecânica do R4. A carroçaria era em plástico reforçado com fibra-de-vidro. Tinha duas portas e capota de lona. Tratava-se de  um concorrente directo do Mehari, derivado do Citroën 2CV. A concorrência começava a aumentar. Na mesma faixa de preço, além dos antigos "inimigos", estavam agora também incluídos o Ford Escort, o Opel Kadett e o Fiat 127.
Em 1975, o R4 apresentava novos pára-choques e a grelha tornava-se rectangular. O novo painel, com acabamento quase todo preto, era maior e mais seguro, com protecção de borracha. A alavanca de mudanças e o retrovisor continuavam no mesmo sitio. Os bancos foram melhorados, mais anatómicos, confortáveis e com encostos para a cabeça. Em 1977,  celebraram-se os cinco milhões de unidades produzidas, número que confirmava o sucesso alcançado pelo pequeno Renault.

Mecânica
Os travões dianteiros de disco foram introduzidos em 1983, bem como um motor de maior cilindrada, que equipava uma nova versão denominada GTL, com 1.108 cm3, 34 cvs às 4.000 rpm e velocidade de ponta de 122 km/h. Em 1991 existiam as versões TL, GTL e GTL 4x4, com tracção nas quatro rodas. Foi um carro bastante comum nos correios e nas empresas de entrega rápida, mas também podia ser encontrado frequentemente nos quartéis da polícia e dos bombeiros. A Renault 4L é um dos carros mais vendidos com mais de 8 milhões de viaturas matriculadas.
A facilidade com a qual a 4L acumula os quilómetros sobre todos os tipos de terreno faz às vezes esquecer o seu maior inimigo: a corrosão.  Muitas vezes começa por ser invisível e quando nos apercebemos da sua presença os estragos já são normalmente consideráveis. A estrutura sobre a qual é aparafusada a carroçaria é essencial para reparar a oxidação, que frequentemente começa por atacar os pavimentos.
O motor é bastante robusto e um verdadeiro devorador de quilómetros, que facilmente atinge quilometragens elevadas, na ordem do 200mil kms e mesmo os 300 mil, ou mais, quilómetros. É preciso cuidado com o frasco do líquido de refrigeração: se ficar de cor térrea, o circuito corre o risco de entupir. Convém, então, esvaziá-lo completamente, enchê-lo de água e andar assim durante alguns dias. Isto terá o efeito de limpar o circuito, antes da descarga definitiva, desta vez enchendo o depósito com líquido de boa qualidade.


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