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sábado, 18 de junho de 2011

DKW do vapor à AUDI





A DKW é uma marca histórica de automóveis e de motocicletas, associada em todo o mundo a motores com ciclo de dois tempos, que teve seus automóveis fabricados sob licença no Brasil pela Vemag entre 1958 e 1967. A DKW foi uma fábrica alemã fundada em 1916 pelo engenheiro dinamarquês Jørgen Skafte Rasmussen que, em 1932, com a Grande Depressão, se uniu por sugestão do Saxon National Bank a outras três fábricas, a Audi, a Horch e a Wanderer, para formar a Auto Union. Em 1938, o grupo ganhou a participação da NSU. Em 1957, a Auto Union foi adquirida pela Daimler-Benz e, em 1964, pela Volkswagen, passando então a ser denominada Audi.

DKW utilizava como símbolo um  brasão, com um tom vibrante de verde como cor associada à marca. A Auto Union adoptou como símbolo quatro argolas entrelaçadas, representando as quatro empresas que se uniram no início dos anos 30. A argola mais à esquerda representa a Audi, a segunda representa a DKW, a terceira a Horch e a última, mais a direita, representa a Wanderer. Quando a DKW passou a fazer parte da Auto Union, os seus símbolos sempre apareceram juntos.
A sigla DKW significava inicialmente "Dampf-Kraft-Wagen", carro de força a vapor, já que os primeiros produtos oferecidos pela empresa foram pequenos motores a vapor. Com o tempo, a empresa passou a oferecer motores a gasolina com ciclo de dois tempos, mas a denominação DKW foi mantida. Esses primeiros modelos de motor de dois tempos foram adaptados para brinquedos e foram denominados "Des Knaben Wunsch", o desejo dos meninos. Uma outra versão foi adaptada para motocicletas e denominada "Das Kleine Wunder", a pequena maravilha. Esta última denominação permaneceu ao longo do tempo e apareceu em vários textos promocionais da marca em todo o mundo.

Atualmente, milhares de saudosistas por todo o mundo colecionam motocicletas e automóveis fabricados pela DKW, que foi um marco na história automobilística
Em 1916, o engenheiro dinamarquês Jørgen Skafte Rasmussen funda a "Dampf Kraft Wagen", ou carro de força a vapor, DKW, na Saxônia, na Alemanha.
Em 1928 a DKW já era a maior fabricante de motocicletas do mundo.
Em 1932, o Saxon National Bank sugere que a Audi, a DKW, a Horch e a Wanderer se unam para formar a Auto Union.
Em 1938, a Auto Union ganha a participação da NSU.
Em 1939 é testado um prototipo do F9, com motor de dois tempos com três cilindros, que seria produzido apenas após a II Guerra Mundial e equiparia grande parte dos automóveis da DKW até o final de suas actividades.
A partir de 1939 e até o final da II Guerra Mundial, a Auto Union  torna-se o maior fornecedor de peças e de automóveis para as forças armadas da Alemanha, valendo-se inclusive de mão-de-obra escrava fornecida pelas SS.
Em 1949, é retomada a produção na Alemanha Ocidental com o lançamento da van F800 Schnellaster e do sedan F89. Este sedan tinha a carroceria do F9 e o motor de dois tempos com dois cilindros do F8, ambos anteriores à II Guerra Mundial.
Em 1953, é lançado o F91, com motor de três cilindros.
Em 1956, são lançados o F93 e o Munga. Nesse ano, a Vemag começa a montar no Brasil uma camioneta derivada da família F91.
Em 1957, é lançado o coupet desportivo 2+2 1000Sp, produzido até 1964 e que teve uma versão conversível a partir de 1962. Nesse ano, a Auto Union é adquirida pela Daimler-Benz.
Em 1958, a Vemag começa a fabricar no Brasil sedans e camionetas derivadas da família F94 e um jipe baseado no Munga, com crescente índice de nacionalização.

Em 1964, no Brasil, é lançado o Fissore, um sedan duas portas com carroceria projectada pela Carrocerias Fissore, da Itália, sobre mecânica e chassis DKW.
Em 1964 é lançado o último DKW, o F102. Nesse mesmo ano, a Auto Union é adquirida pela Volkswagen, passando então a ser denominada Audi. A Volkswagen pretende encerrar a produção de motores de dois tempos, comercialmente antiquados, e incentivar a produção de motores de quatro tempos.
Em 1965, a Auto Union passa a ser definitivamente denominada como Audi e o F102, o último modelo em produção da DKW, passa a ser comercializado com o símbolo da Audi, enquanto não estiver disponível o novo carro da marca, agora com motor de quatro tempos.
Em 1966, é encerrada a produção do F102 e a fabricação de automóveis com motores de dois tempos. A Audi passa a comercializar automóveis derivados do F102 com motores de quatro tempos, dando início a uma bem sucedida linha de automóveis de alto desempenho.

Em 1967, no Brasil, é produzido o Puma DKW, com carroceria em fibra de vidro e mecânica e chassis DKW-Vemag. O Puma DKW foi o primeiro dos Pumas e é uma versão esteticamente melhorada do Malzoni GT. Nesse mesmo ano, no Brasil, a Volkswagen adquire a Vemag e no final do ano encerra a fabricação de automóveis com motores de dois tempos.
A DKW produziu automóveis em duas fases distintas, antes e depois da II Guerra Mundial. Quanto às denominações em alemão, Schwebeklasse significa "categoria lenta" e Sonderklasse significa "categoria especial". Havia também os Meisterklasse, cujo nome significa algo como "categoria de mestre". A DKW também produziu modelos menos conhecidos, denominados  Schwebeklasse e Sonderklasse, com motor de dois tempos com tracção traseira e quatro cilindros com disposição em V. Inicialmente esses motores tinham 1.000 cc, passando depois para 1.100 cc, e contavam com dois cilindros extras para injeção forçada de ar nos cilindros.
Em 1939 foi testado o primeiro prototipo do motor de dois tempos da DKW com três cilindros. Esse motor seria produzido apenas após a II Guerra Mundial, tanto na Alemanha Oriental quanto na Alemanha Ocidental pela própria DKW. Esse motor também foi utilizado pela Saab como ponto de partida para o desenvolvimento do motor de dois tempos utilizado nos seus automóveis.

Antes das actividades civis serem encerradas e a Auto Union dedicar-se exclusivamente ao fornecimento de automóveis e de autopeças para as forças armadas da Alemanha na II Guerra Mundial, chegou a ser testado um protótipo do que seria o F9. Esse prototipo era diferente de seus antecessores e era equipado com o novo motor de três cilindros, que tinha 900 cc e 30 hp e impulsionava o protótipo a cerca de 115 km/h.
Depois da guerra, houve produção na Alemanha Oriental, onde estavam originalmente instaladas as fábricas, e na Alemanha Ocidental. onde ocorreu uma reestruturação da empresa..As instalações físicas da DKW e da Auto Union localizavam-se no território que coube ao controle soviético após a II Guerra Mundial e que passou a ser denominado como Alemanha Oriental. O acervo tecnológico da DKW foi utilizado para a formação da Industrieverband Fahrzeugbau, ou Associação Industrial para Construção de Veículos. A IFA produziu ao longo de sua existência bicicletas, motocicletas, veículos comerciais leves, automóveis, vans e caminhões pesados e iniciou suas actividades produzindo o F8 e o F9.
A Auto Union estava originalmente sediada na Saxônia, que após o final da guerra passou a fazer parte da Alemanha Oriental. Desse modo, foi necessário algum tempo para que a empresa se reestruturasse. A empresa então foi registada novamente na Alemanha Ocidental, em 1949, inicialmente para fornecer autopeças e em seguida para fabricar a motocicleta RT125 e a van F800 Schnellaster. Essa van utilizava o mesmo motor do último modelo do F8 produzido antes da Segunda Grande Guerra.

Em 1959 entrou em produção o F94, também denominado como Auto Union 1000, ou AU1000. Esse automóvel tinha motor de dois tempos, com três cilindros, com 1.000 cc, com as opções de 44 hp ou a versao S com 50 hp. Durante a produção desse modelo a fábrica da DKW passou de Dusseldorf para Ingolstadt, onde a Audi já tinha sua linha de produção. Desde 1957, os modelos da DKW ofereciam como opcional um sistema de embreagem semi automático denominado como Saxomat e no seu tempo constituíam os únicos modelos de pequeno porte com essa particularidade. O último modelo do AU1000, o AU1000S, também oferecia travões de disco como opção. O primeiro automóvel de passageiros foi o F89, idealizado com o motor de dois tempos, com dois cilindros, do F8 e a carroceria do prototipo do F9. O F89 foi produzido até 1953, quando foi lançado o F91, equipado com o motor de dois tempos e três cilindros. Entre 1953 e 1956 e entre 1956 e 1959 foram produzidos respectivamente o F91 e o F93, equipados com motor de dois tempos, três cilindros, com 900 cc e respectivamente 34 hp e 38 hp. Esse modelo de motor tinha sistema de ignição com três bobinas e três velas, uma para cada cilindro, e sistema de refrigeração por convecção livre, sem bomba de água, assistido por um ventilador montado sobre a tampa do bloco do motor. Esse mesmo modelo foi utilizado nos automóveis brasileiros produzidos pela Vemag, com capacidades de 900cc e posteriormente de 1.000cc.
Uma versão derivada da família F91 foi montada no Brasil pela Vemag no final dos anos 50 e, entre 1958 e 1967, um sedã e uma perua derivados da família F94 foram fabricados pela Vemag com crescente índice de nacionalização. No último ano, quando a Volkswagen já era proprietária da empresa, juntamente com uma reestilização efetuada apenas no Brasil, os automóveis tinham praticamente a totalidade de suas peças produzidas no país.

Entre 1956 e 1958 foi produzido um automóvel desportivo com carroceria de fibra de vidro  sobre o chassis e mecânica da DKW denominado inicialmente como Solitude. Foram produzidos entre 230 e 240 unidades no total e actualmente os exemplares remanescentes são muito disputados por colecionadores. Pelo sucesso obtido e pelos recordes estabelecidos principalmente na pista de Monza, na Itália, acabou ficando conhecido como DKW Monza. Entre os recordes estão o de desenvolver 140,961 km/h de velocidade média ao longo de 48 horas, o de desenvolver 139,459 km/h de velocidade média ao longo de 72 horas e o de percorrer 10.000 km com a velocidade média de 139,453 km/h.O AU1000S, um coupet de duas portas, tinha pára-brisas maior com desenho envolvente, diferente do AU1000. As extremidades inferiores do pára-brisas  projectavam-se para trás, alterando o desenho das portas e o tamanho das ventarolas, e permitindo melhor visibilidade ao motorista.



Entre 1957 e 1964 foi produzido um automóvel com forte apelo esportivo e baseado no Ford Thunderbird americano, o AU1000Sp, inicialmente como coupet e a partir de 1962 também como conversível. O AU1000Sp tinha o mesmo motor e os opcionais do AU1000, além de um sistema de lubrificação automática do motor de dois tempos. Esse sistema, denominado como Lubrimat e que também foi incluído nos automóveis brasileiros produzidos pela Vemag a partir de 1964, era accionado através de uma correia directamente pelo eixo de manivelas do motor e injetava óleo lubrificante na medida adequada no carburador.
Os motores de dois tempos apresentam bom potencial desportivo e vários carros da DKW equipados com o motor de três cilindros venceram muitos rallies e grandes prêmios durante os anos 50 e o início dos anos 60. No Brasil, durante muitos anos nessa época a equipa de corridas da Vemag, que fabricava sob licença os automóveis da DKW, era sempre a favorita. O AU1000 foi substituído pelo F102, em 1964, que foi produzido até 1966 e foi o último automóvel produzido pela DKW e o último com motor de dois tempos. O F102 tinha uma concepção diferente dos modelos anteriores e era bastante refinado em uma época em que o motor de dois tempos tinha sua popularidade em decadência. O modelo vendeu menos do que o esperado e serviu como ponto de partida para a transição concretizada pela Volkswagen, a nova proprietária da empresa. A DKW saiu de cena e a Auto Union transformou-se em Audi, e o F102 recebeu um motor de quatro tempos e  transformou-se no prototipo F103, que deu origem aos modernos automóveis da Audi.

O Munga, um veículo para todo tipo de terreno, foi produzido entre outubro de 1956 e dezembro de 1968. O nome Munga, aliás, vem da expressão em alemão "Mehrzweck UNiversal Geländewagen mit Allradantrieb", que significa "veículo de uso universal para todo tipo de terreno com tracção nas quatro rodas". O Munga fez muito sucesso em aplicações militares, tendo sido adoptado por várias forças armadas da NATO, a Organização Tratado do Atlântico Norte, em aplicações civis, em actividades no campo e em florestas. Foram produzidas cerca de 46.750 unidades.A van F800 foi produzida entre 1949 e 1962 e tinha várias inovações para sua época, além do motor frontal e da tracção frontal, mas tinha um motor realmente muito fraco para o que ela se propunha. No início, o motor tinha 700cc e apenas 20 hp e, em 1952, passou para 22 hp. Depois, em 1955, recebeu o motor de 900 cc com três cilindros, que rendia 32 hp.

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